segunda-feira, dezembro 14, 2009

NA ROTA DOS JUDEUS DO SABUGAL (2)

IDADE E SEXO DOS REÚS SABUGALENSES (2)

De um total de 143 processos das Inquisições de Lisboa, Coimbra e Évora referentes a naturais ou/e residentes no actual território do concelho Sabugal entre os séculos XVI e XVIII, apenas 81 (57%) exibem a idade dos réus na descrição elaborada pela Torre do Tombo. É com aqueles em que estão identificadas as idades que vamos trabalhar estatisticamente. Dos 81 processos, 72 (88,9%) referem-se a réus acusados de judaísmo e 9 (11,1%) a outras acusações. É uma proporção compatível com a percentagem de processos de acusação de judaísmo (81,1%) no total dos 143 processos em estudo, como mostrámos na crónica anterior.
Quanto às idades dos réus, o mais novo tinha 14 anos quando foi preso nos cárceres da Inquisição e o mais velho tinha 80 anos (ambos estavam acusados de judaísmo). Eis a lista completa das idades: 14 anos: 1 processo; 15A: 2P; 17A: 1P; 18A: 3P; 19A: 4P; 20A: 1P; 21A: 1P; 22A: 1P; 23A: 2P; 24A: 2P; 25A: 2P; 28A: 5P; 30A: 7P; 31A: 3P; 32A: 1P; 33A: 6P; 34A: 1P; 35A: 3P; 37A: 1P; 38A: 2P; 40A: 5P; 41A: 1P; 42A: 1P; 43A: 1P; 44A: 1P; 45A: 1P; 46A: 1P; 47A: 2P; 50A: 3P; 55A: 1P; 56A: 3P; 60A: 6P; 64A: 1P; 65A: 1P; 68A: 1P; 70A: 1P; 75A: 1P; 80A: 1P.
Se hierarquizarmos as idades mais frequentes, obtemos a seguinte lista:
30 ANOS: 7 réus
33 ANOS: 6 réus
60 ANOS: 6 réus
28 ANOS: 5 réus
40 ANOS: 5 réus
19 ANOS: 4 réus
18 ANOS: 3 réus
31 ANOS: 3 réus
35 ANOS: 3 réus
50 ANOS: 3 réus
56 ANOS: 3 réus

Para se tornarem mais claras as faixas etárias com maior incidência, atentemos nos valores que seguem:
14-20 ANOS: 12 réus
21-30 ANOS: 20 réus
31-40 ANOS: 22 réus
41-50 ANOS: 11 réus
51-60 ANOS: 10 réus
61-70 ANOS: 4 réus
71-80 ANOS: 2 réus

Deste gráfico, ressaltam à vista as faixas etárias dos 31 aos 40 anos (22 processos) e dos 21 aos 30 anos (20 processos). Juntas, estas duas faixas etárias representam mais de metade (52%) dos processos com referência às idades dos réus. Assim, e em conclusão, os sabugalenses mais assolados pela Inquisição viviam na idade adulta (21-40 anos). Não deixa de ser significativo que a terceira faixa etária mais encarcerada estivesse abaixo dos 21 anos.
Quanto às idades dos réus, resta acrescentar os 9 processos de não acusados de judaísmo: 2 processos de 28 anos; 2 de 30 anos; 1 de 33 anos; 1 de 43 anos; 1 de 55 anos; 1 de 56 anos e 1 de 70 anos, ou seja, 4 da faixa dos 21-30 anos; 1 da faixa dos 31-40 anos; 1 da faixa dos 41-50 anos; 2 da faixa dos 51-60 e 1 da faixa dos 61-70 anos. Nada que contrarie a tendência geral das idades dos encarcerados pelas Inquisições.
Estes dados permitem-nos constatar que o judaísmo resistiu no concelho do Sabugal ao longo dos mais de dois séculos de investidas do Santo Ofício, pois os adultos e os jovens, que teriam mais a perder do que os idosos, não abandonaram a prática da sua religião ancestral, apesar das conhecidas sevícias a que eram submetidos nos cárceres da Inquisição. Não eram os velhos descuidados que caíam nas malhas do “fero monstro”, nome por que foi designada a Inquisição por um judeu português exilado, chamado Samuel Usque, que publicou, em Ferrara (Itália), uma notável obra em língua portuguesa, intitulada “Consolação às Tribulações de Israel”. Pelo contrário, eram os homens e as mulheres mais maduros e activos que persistiam em desafiar os inquisidores
E, por falar em mulheres, elas foram quase tantas como os homens a sofrer as agruras da sua coragem religiosa. Com efeito, os 143 processos estavam assim repartidos por sexo: 77 homens, ou seja 53,85% e 66 mulheres, ou seja 46,15%.
Para se poderem comparar os números de processos por sexo, referentes a cristãos-novos, cristãos-velhos e de situação social desconhecida, podemos acrescentar que temos, quanto aos homens, 52 são cristãos-novos homens (67,5%), 10 são cristãos-velhos (13%) e 15 de estatuto social desconhecido (19,5%); quanto às mulheres, 50 são cristãs-novas (75,7%), 5 cristãos-velhos (7,6%) e 11 desconhecidos (16,7%). Em suma: tanto os homens como as mulheres estão maioritariamente identificados como cristãos-novos.

Ver o artigo completo no Capeia Arraiana

terça-feira, dezembro 08, 2009

NA ROTA DOS JUDEUS DO SABUGAL (1)

PROCESSOS DA INQUISIÇÃO REFERENTES AO SABUGAL

A presença de uma comunidade judaica no Sabugal está documentada (pelo menos) desde o início do século XIV. Os reconhecidos estudos medievais da historiadora Maria José Ferro Tavares incluem a comuna judaica do Sabugal entre as três dezenas que identificou para o período de 1279-1383, tendo confirmado documentalmente a sua existência em 1316, através de uma dívida dos judeus do Sabugal ao rei D. Dinis em 16 de Agosto desse ano.
Mas a comunidade judaica do Sabugal manteve-se até ao final do século XV. Com efeito, a menos de um ano da expulsão dos judeus, que D. Manuel I decretou em Dezembro de 1496, também há prova documental da persistência da judiaria do Sabugal, como o atesta uma carta de D. Manuel datada de 12 de Janeiro de 1496. O resto da infeliz história dos judeus portugueses dessa época é conhecido: depois do decreto de expulsão de 1496, seguiu-se o baptismo forçado de 1497, com a consequente proibição do judaísmo e a destruição das comunidades judaicas de todo o reino, sobretudo a partir da introdução da Inquisição, que existiu legalmente entre 1536 e 1821.
Mas, se desapareceram as comunidades judaicas, não aconteceu o mesmo ao judaísmo que, de forma secreta ou disfarçada, sobreviveu a quase três séculos de acção criminosa dos tribunais da Inquisição de Lisboa, Évora e Coimbra (e Goa, na Índia). De entre os cerca de 45.000 processos das Inquisições, existentes na Torre do Tombo, alguns narram a resistência dos judeus do Sabugal. Por isso, fomos à procura deles e encontrámos 143 processos relativos a pessoas que viviam ou/e haviam nascido no actual território do concelho do Sabugal quando foram parar aos cárceres do Santo Ofício.
A partir de hoje, daremos aqui, no Capeia Arraiana, conta dos resultados preliminares da análise desses processos. A primeira conclusão que podemos tirar é que, dos 143 processos, 102 foram identificados como cristãos-novos (descendentes de judeus), representando 71,3%, enquanto apenas 15 se referem a cristãos-velhos (descendentes de cristãos) e representam 10,4%. Se tivermos em conta que 26 processos (18,3%) não identificam o estatuto social dos réus, restam-nos 127 processos com estatuto social conhecido, aumentando para 80% a percentagem de cristãos-novos contra 20% de cristãos-velhos. Em consequência, podemos concluir que os judeus eram a vítima predilecta dos inquisidores.
Continuando a analisar os processos do Sabugal, temos 116 (81,1%) acusados de judaísmo, 5 (3,4%) acusados de blasfémia, 5 acusados de heresia (3,4%), 4 acusados de bigamia (2,7%), 2 acusados de visões (1,3%) e 11 (8,1%) julgados por várias acusações, com 1 processo cada um: sacrilégio, luteranismo, sodomia, perjúrio, pacto com o demónio, impedimento do ministério do Santo Ofício, violação de Ordens religiosas, abuso da função de padre, feitiçaria, intitular-se abusivamente oficial da Inquisição e molinismo (seita religiosa).
Finalmente, dos 102 processos a cristãos-novos, 97 (95%) foram acusados da prática da religião judaica. Os restantes 5 (5%) foram acusados de blasfémia, bigamia, heresia, de impedir o ministério do Santo Ofício e violação de Ordens religiosas. Também se pode concluir que a acusação de judaísmo era esmagadoramente maioritária. Em suma: a Inquisição foi, efectivamente, introduzida em Portugal para perseguir os judeus e o judaísmo e o caso do Sabugal confirma plenamente essa tese.

Ver o artigo completo no Capeia Arraiana

terça-feira, novembro 03, 2009

ADIAMENTO DA SESSÃO NA FNAC-CHIADO

Por motivos alheios à minha vontade, foi adiada a sessão prevista para hoje na FNAC-Chiado. Em todo o caso, peço desculpa a quem estava a pensar estar presente.
Jorge Martins

sexta-feira, outubro 30, 2009

PRÓXIMAS SESSÕES DE APRESENTAÇÃO

As próximas sessões de divulgação de "Breve História dos Judeus em Portugal" decorrerão em Lisboa. A primeira no dia 3 de Novembro na FNAC-Chiado, às 18.30h; a segunda na Livraria Barata, no dia 5, entre as 12h e as 13.30h.

REPORTAGEM DA VIAGEM AO SABUGAL NO CAPEIA ARRAIANA


Com a devida vénia, aqui fica uma foto do Joaquim Tomé e a reportagem, no blogue sabugalenses Capeia Arraiana, da minha ida ao Sabugal e da sessão de apresentação de "Breve História dos Judeus em Portugal" na Casa do Castelo.

quarta-feira, outubro 21, 2009

DIA 29 - APRESENTAÇÃO DA COLECÇÃO "SEFARAD"

Sessão a realizar no dia 29 de Outubro, às 18.30h, na Livraria Barata, em Lisboa.
Estarão presentes os autores dos dois primeiros volumes da colecção Sefarad:
Maria fernanda Guimarães, A Tormenta dos Mogadouro na Inquisição de Lisboa
Jorge Martins, Breve História dos Judeus em Portugal

Morada Av. De Roma, Nr. 11-A
1049-047, Lisboa
Telefone 218428350

quinta-feira, outubro 15, 2009

REPORTAGEM SOBRE A SESSÃO NO SABUGAL

O anúncio da sessão a realizar no próximo sábado, dia 17, às 15h, na Casa do Castelo, no concelho do Sabugal, pode ser visto na TV local, através do blogue Capeia Arraiana

sexta-feira, outubro 09, 2009

SABUGAL: APRESENTAÇÃO DE "BREVE HISTÓRIA DOS JUDEUS EM PORTUGAL"


Sábado, dia 17 de Outubro, pelas 15h, realiza-se uma sessão de apresentação de "Breve História dos Judeus em Portugal", Na Casa do Castelo no Sabugal.
Esta sessão constituirá uma oportunidade para juntar vontades para proporcionar o estudo e divulgação da eventual validação da Arca Sagrada ali existente, assim como o lançamento das bases de um roteiro judaico do Sabugal

domingo, outubro 04, 2009

ARTIGO NO EXPRESSO

Texto da jornalista Ana Cristina Leonardo no "Expresso de 3/10/2007, suplemento "Actual", p. 37.

MEDITAÇÃO NA PASTELARIA

É isso mesmo: não há melhor do que sair de casa nas manhãs de sábado, de jornal debaixo do braço, entrar na pastelaria, pedir uma bica (e o que mais aprouver) e ler o jornal tranquilamente.
Foi o que fiz neste sábado, dia 3 de Outubro de 2009 e que me proporcionou a leitura de um texto da Ana Cristina Leonardo, jornalista do "Expresso", sobre a minha recém-lançada "Breve História dos Judeus em Portugal".
Podem ler um excerto no interessante blogue da jornalista, MEDITAÇÃO NA PASTELARIA

quarta-feira, setembro 30, 2009

DO PREFÁCIO DE "BREVE HISTÓRIA DOS JUDEUS EM PORTUGAL"



Já se publicaram algumas histórias dos judeus portugueses, todas elas de acentuado cariz académico, mas faltava uma obra de conjunto, actualizada e acessível ao grande público, destinada, particularmente, aos professores e aos estudantes, complementando ou suprindo as clamorosas omissões dos nossos programas escolares. É este o objectivo de Breve História dos Judeus em Portugal. Em consequência da nossa recente publicação de Portugal e os Judeus (Vega, 2006), constatámos que causou grande surpresa a descoberta de que, afinal, os judeus portugueses têm uma história para contar e que não é coisa dos outros, faz parte da História de Portugal.
Na verdade, os judeus constituem um caso singular na história da sociedade portuguesa. Já habitavam a Península Ibérica quando se formou o reino de Portugal, tendo participado na Reconquista. Mantiveram uma vivência globalmente pacífica no seio da maioria cristã, ao lado dos muçulmanos, até ao Édito de Expulsão de 1496. Participaram nos Descobrimentos com os seus vastos saberes. Baptizados à força, viveram uma dupla identidade: cristã e criptojudaica. Perseguidos pela Inquisição, resistiram às tentativas de extinção. Gradualmente emancipados pela legislação pombalina, liberal e republicana, reintegraram a sociedade portuguesa. Abandonados e esquecidos de si mesmos, emergiram num singular marranismo nas Beiras e em Trás-os-Montes, onde o braço inquisitorial tinha dificuldades em chegar. Protegidos por uma plêiade de diplomatas filo-semitas, muitos judeus europeus se salvaram do Holocausto e utilizaram Portugal como porta de saída da Europa, paulatinamente ocupa pela besta nazi. Graças à democracia resgatada em 1974, puderam assumir a plena prática do judaísmo, embora sem o fulgor de outrora, que os Tribunais do Santo Ofício trataram de destruir.
O facto de os judeus constituírem hoje uma pequena minoria em Portugal é o resultado desta história atribulada, mas que deixou traços indeléveis no resto da população, como o atesta o recente estudo genético, publicado no American Journal of Human Genetics, que concluiu que os portugueses apresentam cerca de 30% de ascendência sefardita (23,6% no Norte e 36,3% no Sul) ou seja, um terço dos portugueses preservou o “sangue judaico” durante mais de cinco séculos.
Jorge Martins

sexta-feira, setembro 25, 2009

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "A TORMENTA DOS MOGADOURO NA INQUISIÇÃO DE LISBOA", PELO PROF. ANTÓNIO MARQUES DE ALMEIDA

Palavras de apresentação do livro de
Maria Fernanda Guimarães e de António Júlio Andrade

A tormenta dos Mogadouro na Inquisição de Lisboa


Não venho, propriamente, fazer-vos a apresentação de um livro, mesmo tratando-se de um estudo de grande importância, levado a cabo por Maria Fernanda Guimarães e António Júlio Andrade. Ainda tenho para mim que, se a prova do pudim se faz comendo-o, em relação aos livros, melhor do que todas as palavras que possam ser ditas, o melhor é mesmo lê-los. E vão ver que este livro vale a pena, muito, ser lido. E sobretudo meditado, ou reflectido.
Tão só venho dar-vos conta da vivência que com ele senti, na minha condição de leitor. Este livro não é um livro sobre a Inquisição. Se o fosse, seria um entre muitos, ainda que bom, porque, desde Alexandre Herculano a historiografia portuguesa sobre a Inquisição não tem parado de crescer. Ao contrário, a historiografia sobre as comunidades judaicas portuguesas é, comparativamente, menor, e de valia científica muito desigual.
Mas este livro também não é, propriamente, ainda que fale deles, um livro sobre judeus, ou cristãos-novos. Se fosse, isso bastaria para o saudarmos, a par do livro do Doutor Jorge Martins, como mais valia da historiográfica judaica portuguesa.
Este livro é sobre a indignidade a que a Inquisição sujeitou sucessivas gerações. A fala sobre a família Mogadouro confronta-nos com a Inquisição, ela própria, uma irracionalidade tamanha que, quando alguns de nós, hoje, pensamos que compreendemos o que aconteceu, estamos segura e redondamente enganados.
Este livro é uma fala sobre a humilhação e a ofensa, sobre a devassa da intimidade e a violação das consciências num mundo anterior ao surgimento dos cidadãos.
Confronta-nos com um tempo longo que, deixados para trás os anos de construção da monarquia afonsina e perdidas as energias iniciais da dinastia de Avis, a nossa comunidade se afundou numa atmosfera de medo que durou, arredondando períodos, de cerca de 1536 até 1822.
Foram quase trezentos anos durante os quais a sociedade portuguesa na sua globalidade, e não apenas as comunidades judaicas, se afundou numa atmosfera mental em que o medo, a denúncia, a delação foram, como dizia António Vieira, dias de pão, de que não só os processos da Torre do Tombo nos dão conta, mas também os testemunhos de tempos posteriores.
Exemplos? Entre muitos possíveis, e citando uma antiga sabedoria, em Portugal, os homens do século XVII apenas foram senhores do que calaram e, seguramente escravos do que disseram. Anos, adiante, já no século XVIII, alguém que pertencia à elite cultural – Marques de Alorna -, dizia numa carta à filha, encerrada no Convento de Chelas: “a medo vivo, a medo escrevo, a medo falo”.
No plano social e das estruturas mentais, foi esta a herança que a Inquisição nos legou: a paralisia social, a abolia individual e colectiva, uma vez mais, o medo que têm caracterizado, no decurso de tempo, sucessivas gerações de nossos concidadãos. Faltam na historiografia portuguesa estudos sobre o medo, cujo papel tem interessado mais os nossos amigos sociólogos do que os historiadores. O medo, de que, em 1933, Franklin Roosevelt falava: “não temos nada a recear a não ser o próprio medo”.
Mas, vozes houve que não foram silenciadas, ou não se deixaram silenciar. A par de outras, a de António Vieira, cuja luta de mais de trinta anos foi um compromisso político com a reabilitação social dos judeus portugueses em diáspora, compromisso que João Lúcio de Azevedo considerou excessivo.
O jesuíta não deixará de recriminar o comportamento da Inquisição portuguesa, da qual dizia ser mais bem feroz do que a castelhana, mas tem em mente criar as condições para que os "homens da nação" voltem a Portugal: "porque o que os mercadores portugueses ganham nos reinos estranhos, lá fica, e o que os estranhos ganham no nosso, para lá vai". Nenhum monetarista diria melhor, porque, tanto quanto sei a propósito, nenhum disse tanto.
Tudo o que os judeus pretendem, ou quase tudo, já está no relatório de 1643 e na proposta a D. João IV a favor da Gente da nação, de 1646. Vieira visava uma mudança estrutural na sociedade portuguesa, e que passava por um clima que permitisse o regresso da “gente da nação” e do seu potencial financeiro.
Começara por defender melhor tratamento de toda a população cristã-nova, que consistia em;
• Abrir os cárceres do Santo Ofício, solicitando em Roma um perdão geral para todas as heresias até à data;
• Chamar ao Reino os Judeus foragidos, dando-lhes a segurança de não serem vexados por práticas ou convicções de teor dogmático;
• Isentar da pena de confisco os bens móveis empregados no comércio;
• Eliminar a divisão e a distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos, quanto ao nome e quanto aos ofícios, e mesmo quanto às isenções.
• Finalmente, mudar os procedimentos processuais seguidos pela Inquisição nos casos de suspeição de hebraísmo, em sentido favorável aos eventuais réus. Defendia testemunhas à vista, um procedimento às claras, consoante o que se praticava nos tribunais civis (abertas e publicadas, como então se dizia).
Estas condições eram necessárias para que pudessem medrar as companhias de comércio, destinadas ao tráfico do Brasil e da Índia. Por esta via se lograria, seguramente, aumentar as rendas das alfândegas, e por via do incremento do comércio colonial, reforçar a capacidade de auto financiamento do Estado.
Di-lo muito cedo, logo em 1643: "Da sua vinda (dos Judeus) crescerão os direitos das alfândegas de maneira que eles bastam a sustentar os gastos da guerra, sem tributos nem opressões dos povos; pagar-se-ão os juros, as tenças, os salários a que as rendas reais hoje não chegam. Crescerá gente, que é uma parte do poder e estará o reino provido e abundante".
O tempo e a história, ou os dois, lhe deram razão.
Desse para onde desse, não havia futuro para as propostas de Vieira, e os textos de 1643 e de 1646 não produziram o efeito que desejava.
Trinta anos adiante (1671), quando se aproximava o fim desta luta em que, como em muitas outras, fora vencido, ainda dizia, em carta a Duarte Ribeiro de Macedo: "não poder haver maior cegueira que não querer ser rico e poderoso com o capital alheio".
Não deixará ainda de reclamar para os Judeus a segurança real e pontifícia por que sempre se batera, mas a frase é tão só um desabafo de vencido, quando está próximo o cair do pano sobre o último acto da vida.
António Sérgio disse ter sido a sua, uma das mais belas lutas pela liberdade de consciência travadas em Portugal.
Não querendo abusar mais da vossa paciência, dir-vos-ei, a terminar, que, embora pareça que não estive a falar do livro, procurei que as minhas palavras fossem o tabuleiro, onde se joga, ou jogou, o jogo da opressão e da resistência, tão bem documentado na memorização do drama da família Mogadouro, de que os autores nos dão conta no seu livro.
Servindo-se de uma escrita depurada, traçaram o percurso dramático de uma família. Talvez pareça pouco, não fora isso o paradigma que nos moldou e que ainda hoje, passados séculos, nos faz ser como somos. Mais grave ainda: nos faz ser aquilo que somos.
Obrigado Maria Fernanda e António Andrade por no-lo recordar. O vosso livro vai-nos dar muito que pensar.

A. Marques de Almeida
Lisboa, 24 de Setembro de 2009

SESSÃO DE LANÇAMENTO - LIVRARIA CÍRCULO DAS LETRAS - 24/09/2009

A sessão de lançamento duas primeiras obras da colecção "Sefarad" contou com a presença de cerca de 70 pessoas. Aqui fica o texto de apresentação da obra "Breve História dos Judeus em Portugal", da autoria de António Eloy:


“Que as palavras que o vento leva arrastem as cinzas sobre as quais temos alicerçado passado, que no futuro não queremos repetir, que as palavras carreguem a realidade com o sofrimento e os heroísmos de que é feita a história e nunca esqueçamos quem somos e donde vimos.”

Eu, nesta apresentação, neto de marrano, tetraneto de judeus retornados de Marrocos, que se estabeleceram em Lisboa como ourives e que não deixaram de procurar comunidade e alegria, estou grato.
Antes de mais por podermos partilhar este momento.
Esta apresentação não tem inocência, tem um lugar.
Um lugar de quem pensa que a história é também a transformação desse lugar, em mais conhecimento, compreensão e cidadania.

É com todo o gosto que venho apresentar este precioso livro de Jorge Martins, para o qual julgo ter empenhado algum “ar”, no seguimento de comentário que lhe fiz sobre a edição em 3 tomos do que foi substancialmente a tese de doutoramento que defendeu, e que me mereceu alem de uma avaliação pela espessura e densidade, aliada há que dizê-lo à qualidade e cidadania, que prestigiam o historiador, uma nota sobre a necessidade de transformá-la em documento mais leve na leitura, que servisse para introduzir os nossos jovens a esta importante dimensão da nossa história, de nós mesmos.

Aqui temos esta #Breve História dos Judeus em Portugal# a preencher a lacuna, a tornar incontornável, esta parte de nós no ensino.
Nesta #Breve# vamos dos 1ºs povoamentos judaicos que chegaram até a Ibéria/Sefarad com populações fenícias, passando pela especificação profissional que tipificava a organização social e que conduziu ao #racismo# /religioso e à Inquisição, como momento que além de ideológico é baseado numa lógica económica, do orgulhosamente sós,,,.
A história complexa do retorno no seguimento do fim da Inquisição, à solidão das comunidades perdidas, e aos detalhes de que também é feita a história e às estórias que essas sim honram uma parte de nós.
E, não quero deixar de lançar aqui mais um desafio ao Jorge, de completar em novo documento o pensamento que nos deixa com água na boca, e que é sintetizado:
# perdemos a nossa plena identidade a partir do inicio do século XVI e nunca mais a recuperámos até hoje.#
Fala-nos da perda da nossa identidade que também é, como sabemos muito bem, judaica, e com mais este e outros trabalhos começamos a recuperar.

Não se pode compreender o atraso sócio-cultural, das nossas estruturas produtivas, o bloqueio das ideias sem conhecer e desenvolver o notável ensaio de Antero de Quental, #As causas da Decadência....#, e sem agora que está estabelecido este documento #Breve# desenvolver trabalho e investigação sobre as articulações que daqui decorrem e que o Jorge tão bem nos “apetiza” nestas conclusões.

Mas apresentar um livro, este livro é, para mim, também uma ocasião e oportunidade para abordar três pontos:

1-A História.

Cito:
#Uma palavra, em suma, domina e ilumina os nossos estudos: “compreender”.
Não afirmemos que o bom historiador é alheio às paixões; tem aquela, pelo menos.
Palavra essa, não tenhamos ilusões, cheia de dificuldades, mas também de esperança.
Palavra cheia, sobretudo, de amizade.
Até na acção julgamos de mais.
É tão cómodo gritar “à forca”!

Nunca compreendemos bastante.
Quem difere de nós – estrangeiro, adversário político – passa, quase necessariamente, por mau.
Mesmo para orientar as lutas inevitáveis, seria necessário um pouco mais de inteligência das almas; com mais forte razão se as queremos evitar, quando ainda é tempo.
A história, se renunciar ela mesma aos seus falsos ares de arcanjo, deve ajudar a curar-nos desta mania.
Ela é uma vasta experiência da diversidade humana, um longo encontro dos homens.
A vida, como a ciência, tem tudo a ganhar se o encontro for fraternal.#

De Marc Bloch, historiador, resistente, torturado e fuzilado pela Gestapo em 1944

A história, ciência dos homens no tempo, é conhecimento do passado a progredir no tempo.
Conhecimento filtrado pelos autores, detentores do discurso, filtradores de todos os elementos da vida e continuidade do, de um povo, de todos os elementos da sua existência.
A leitura, a busca dessa leitura que nos é dada da história tem instrumentos, que são determinados pelas bases da investigação, e aqui quero mencionar o Homem, o meu velho conhecimento do Jorge.

Percorremos a licenciatura cruzando-nos ocasionalmente, numa Faculdade de Letras em efervescência, nos anos pós 25 de Abril em que a descoberta da cidadania se fazia na história, com notáveis “facilitadores” que muitas vezes eram, noutros momentos, camaradas, como António Borges Coelho, Cláudio Torres, Isabel Castro Henriques, Vítor Gonçalves, Manuel Maia, Mª José Trindade, Jorge Custódio meia dúzia que me vem à memoria de tantos que criaram uma dinâmica de aprendizagem que entroncava numa cidadania recuperada e num sentido para a história. Por estas Letras conheci o “Galinheiras” que era um tributo ao que penso era ou tinha sido o seu local de residência ou militância politica.
Em Letras penso que construímos um entendimento que motivou o re-encontro, com a magna História que o Jorge, continuador da busca, transformação do passado em conhecimento no presente, prosseguiu.

2-A Cidadania

# A medo vivo, a medo escrevo e falo,
hei medo do que falo só comigo;
mas inda a medo cuido, a medo calo#
Cavaleiro de Oliveira, citado em “O Judeu” de Bernardo Santareno

Não é possível identificar Portugal sem lhe reconhecermos a alma judaica,
mas também sem analisarmos a alma negra do medo da inquisição e do fanatismo, a alma megera da maldade, que tem que ver com o espírito da massa, manipulada sabiamente pela ignorância ao serviço da cupidez, e de interesses sócio-económicos específicos, de manutenção ou consolidação de privilégios.
A Inquisição, à qual como nos diz o Cavaleiro de Oliveira, agora pela palavra de Santareno “ se deve o empobrecimento do Reino, porque para substituir o Santo Ofício inventa judeus como outros fabricam moeda...! “
Mas o empobrecimento do Reino, ontem como hoje não é o empobrecimento de todos:

Uma economia fechada ao desenvolvimento comercial e industrial e à internacionalização e,
a mais cidadania que com essa mobilidade se gera,
uma classe dominante anquilosada em lógicas de poder familiar e de bens em meia dúzia, uma indústria incapaz de consolidação e sustentação no mercado,
um sistema politico bloqueado, dominado por castas e manipulado por instituições acima do crivo democrático, onde os cargos resultam de compra, e relações familiares,

não, não estou a falar dos dias de hoje, embora pudesse, mas das trevas que desde a Inquisição parecem toldar um Portugal que continua a arredar-se da sua história e a não aprender com a compreensão desta.

Defender a História toda, a sua melhor compreensão, é um acto da maior relevância politica e esta Breve História dos Judeus em Portugal é um marco incontornável para o direito dos jovens, de todos os portugueses ao seu passado.
Devia ser indispensável nos curricula escolares.

3- O Homem,
Já aqui referi algum passado que partilho com o Jorge.
Referi que nos reencontrámos no âmbito da publicação dos 3 volumes da magna História # Portugal e os Judeus#, e por esta me ter agradado e surpreendido, pela densidade, informação e envolvimento do historiador.
Penso, e isso já ficou claro, que o sujeito da história, aquele que nela pega, a constrói e re-constrói, nela procura os elementos que explicam outros elementos, a continuidade que busca outra continuidade, esse sujeito da história não pode ser um esbracejador de novelas rascas de figuras de pamplina, mas deve sim ser um cultor de responsabilidade cívica e social.
Cruzei-me, também, com o Jorge na realização, no quadro da concretização, num espaço carregado de história, no Largo de S.Domingos, do Memorial ao Massacre de 1506.
Esse Memorial regista, num espaço que é hoje na zona do novo “marranismo” que são os cruzamentos de populações de origens diversas, de diferentes religiões, dos mais vários costumes, que é a diversidade e o respeito por essa, perpetua o que queremos um elemento de referencia de direitos humanos e cidadania.
O Jorge é um historiador e um cultor da responsabilidade cívica, a quem agradeço mais este #Breve# que espero atinja outras almas e outras gentes...
Obrigado Jorge, pela tua compreensão.

sexta-feira, setembro 18, 2009

LANÇAMENTO COLECÇÃO "SEFARAD": DIA 24, 5ª FEIRA, 18.30H, LIVRARIA CÍRCULO DAS LETRAS

A colecção "Sefarad", que a editora Nova Vega agora lança a público, pretende divulgar os estudos judaicos e inquisitoriais portugueses, preenchendo assim um vazio editorial. Este projecto inovador estará atento aos estudos académicos, designadamente teses de mestrado e de doutoramento sobre judaísmo e Inquisição, que costumam ficar esquecidos nas universidades. Os destinatários privilegiados são os estudantes e os professores, particularmente os universitários, mas teremos o cuidado de tornar os nossos livros acessíveis à generalidade dos leitores interessados por estas importantes temáticas da História de Portugal.


quarta-feira, agosto 26, 2009

domingo, agosto 23, 2009

A PROPÓSITO DO MONUMENTO ÀS VÍTIMAS DO MASSACRE JUDAICO DE LISBOA DE 1506

Eis um texto interpretativo do monumento da Comunidade Israelita de Lisboa, de homenagem às vítimas do massacre judaico de Lisboa de 1506, instalado no Largo de São Domimgos, epicentro daquela barbárie que vitimou milhares de cristãos-novos lisboetas.

“Muito embora, no Séc. XV, a estrela de David não fosse ainda um símbolo judaico, este monumento (em cuja meia esfera a Estrela de David aparece voltada para cima) é muito imponente e correcto. Dá a sensação que, através da sua pureza, pedra e volume, o seu designer quis transmitir:

-Que os Judeus estão ligados ao mundo (ao nosso universo) e o mundo a eles, bem como toda a humanidade;
-Que o mundo gira sem parar, tal como os bons e os maus eventos. Mas que, por vezes, certos eventos cortam, molestam o normal caminho que as coisas seguem (o que é simbolizado pelo corte da esfera pela Estrela de David). E, então, todos os envolvidos directa ou indirectamente (vítimas e perseguidores) são molestados;
-Que um certo evento corta a perfeição e “o todo” do mundo. Mas, mesmo com tais horríveis eventos, nós olhamos em frente para o mundo (simbolizado pela parede) – para a mensagem de continuidade e aprendizagem a partir do passado, que nós (todos os seres humanos) sustentamos firmemente como uma parede forte, e para a mensagem de tolerância a todos os povos (quaisquer que sejam as suas línguas, palavras e sistema de escrita);
-Que há uma grande relação entre as várias crenças (simbolizadas pela esfera) com a crença judaica – que corta, com a sua estrela, o mundo mas está também no meio dele.

A parede atrás realça e completa a mensagem com as suas palavras cuidadosamente pensadas. E dá ao local (Lisboa e mesmo a Portugal) não apenas a estabilidade que merecem mas também uma clara mensagem de força, tolerância e aceitação do passado e, especialmente, do agora e do futuro. Por outro lado, põe Lisboa no centro dos acontecimentos (quer sejam do passado, do presente ou do futuro) proclamando que as pessoas deveriam olhar o passado na face e aprender a partir dele, não apenas localmente mas também em qualquer outro lugar do mundo.

Eu poderia continuar por aí fora, porque penso que este monumento é tão apropriado e foi tão bem percebido.
Todos os lisboetas e portugueses deveriam sentir-se orgulhosos dele.”

Shua Amorai-Stark. Historiadora de Arte.
Tradução de Graça Cravinho

terça-feira, maio 26, 2009

BREVE HISTÓRIA DOS JUDEUS EM PORTUGAL


Capa de Breve História dos Judeus em Portugal, a sair brevemente, inaugurando a colecção "Sefarad", lançada pela editora Nova Vega.
Este livro constitui uma síntese dos 3 volumes de Portugal e os Judeus (2006), quanto à presença dos judeus no nosso país. Estão previstos outros volumes, sobre temas como o anti-semitismo, o filo-semitismo, roteiro dos judeus em Lisboa, os judeus e a República, as comunidades criptojudaicas de Trás-os-Montes e Beiras e a Inquisção, etc.
Esta colecção destina-se particularmente aos professores e estudantes e ao grande público, procurando reduzir as referências e as notas, obrigatórias em trabalhos académicos.

sexta-feira, abril 03, 2009

NO PRELO: Breve História dos Judeus em Portugal

Está prevista para Maio a edição do primeiro número da colecção "SEFARAD", intitulada BREVE HISTÓRIA DOS JUDEUS EM PORTUGAL. Detalhes do livro, editado pela Nova Vega, dentro em breve.

quarta-feira, março 11, 2009

PROGRAMA CONFERÊNCIAS SIONISMO - DIA 14


Não existem lados para os direitos humanos!

Realiza a secção portuguesa da Amnistia Internacional, em conjunto com a ATTAC, o CIDAC, o Fórum pela Paz e os Direitos Humanos e o GRAAL, no sábado 14 um seminário sobre a Paz no Médio Oriente que tem chamada para título Solidariedade com o Povo Palestiniano.
Sei que desse título pode resultar ambiguidade. Que também existe ou existiu quando nos empenhamos pelo povo Tibete ou Timorense, ou qualquer outro. Mas seja desde já entendido que ao defendermos os direitos de todos a um Tibete Livre estamos a defender a China Livre, ao defender Timor com direitos estamos a defender os direitos também na Indonésia e ao defender a Palestina também é o direito a Israel que defendemos.
Não existe dualismo de critérios, nem os direitos humanos são moeda ou têm dois lados.
Neste seminário irão estar presentes os mortos, todos os mortos em atentados e guerras, estarão presentes prisioneiros de consciência em Israel como Mordechai e as milhares de Anima sem direitos em Gaza ou nos países árabes por imposição da Sharia, estarão presentes os refusinks de Israel e os mortos na luta entre as várias facções que se degladiam na Palestina
E estará certamente presente a Humanidade que não existe nos mísseis que são lançados pelo Hamas contra Israel ou nos bombarbeamentos “selectivos” sobre escolas ou instalações da Nações Unidas ou quaisquer que Israel, utilizando armamento proibido pelas leis internacionais realiza no “gueto” de Gaza.
Discutir, interrogar, agir e deixar a nossa assinatura, com outros que partilham as nossas dúvidas e terão outras é o nosso objectivo, este sábado 14 na Associação 25 de Abril.

António Eloy, da Amnistia Internacional

quinta-feira, março 05, 2009

Dia 14: CONFERÊNCIA SOBRE SIONISMO

Conferência sobre Sionismo, dia 14 de Março, às 10.30h, na Associação 25 de Abril, Rua da Misericórdia, nº 95, em Lisboa.

domingo, fevereiro 01, 2009

MENSAGEM DO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU

DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO

"Devemos continuar a analisar as razões por que o mundo não impediu o Holocausto e outras atrocidades perpetradas desde então. Dessa forma, estaremos mais preparados para derrotar o anti-semitismo e outras formas de intolerância.
Devemos continuar a ensinar às nossas crianças as lições dos capítulos mais sombrios da História. Isso irá ajudá-las a agir melhor do que os seus ascendentes, construindo um mundo assente na coexistência pacífica.
Devemos combater o negacionismo e erguer as nossas vozes contra o fanatismo e o ódio."
27 de Janeiro de 2009.