quinta-feira, maio 08, 2008
REPORTAGEM FOTOGRÁFICA DA INAUGURAÇÃO DO MEMORIAL
INAUGURAÇÃO DO MEMORIAL ÀS VÍTIMAS DO MASSACRE JUDAICO DE LISBOA DE 1506
Foi inaugurado no passado dia 22 de Abril um memorial às vítimas do massacre judaico de Lisboa de 19, 20 e 21 de Abril de 1506. A Câmara Municipal de Lisboa tinha agendado a votação, em 31 de Outubro de 2007, da proposta nº 423/2007, que previa a sua instalação no Largo de São Domingos, o exacto local onde começou o massacre. Entretanto, verificando que tinham dado entrada em 2006 duas outras propostas alusivas ao massacre, decidiu adiar a votação, para acertar com as comunidades judaica e católica de Lisboa uma inauguração conjunta. Assim, foi aprovada a proposta, por unanimidade, na sessão da Câmara de 30 de Janeiro deste ano, que previa a inauguração para dia 19 de Abril.
Embora com três dias de atraso, a cerimónia teve lugar no mês passado, com a inauguração simultânea de duas esculturas – uma dos judeus, outra dos católicos – e de duas inscrições da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa: um mural contra a intolerância, em 34 línguas, com a seguinte frase: “Lisboa, Cidade da Tolerância” e uma placa no chão, com a frase: “Tributo da cidade de Lisboa às vítimas do massacre judaico de 19 de Abril de 1506”.
No monumento judaico, instalado bem no centro do Largo de São Domingos, onde há 500 anos se acendeu uma das fogueiras, onde foram queimados entre dois e quatro mil judeus, pode ler-se: “1506-2006. Em memória dos milhares de judeus vítimas da intolerância e do fanatismo religioso, assassinados no massacre iniciado a 19 de Abril de 1506 neste largo. 5266-5766”.
No monumento católico, erguido em frente da Igreja de São Domingos, está inscrita uma frase do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo: “Este centro histórico de Lisboa, onde hoje fraternalmente nos abraçamos, foi no passado palco de violências intoleráveis contra o povo hebreu. Nem devemos esquecer, neste lugar, a triste sorte dos «cristãos novos», as pressões para se converterem, os motins, as suspeitas, as delações, os processos temíveis da Inquisição. Como comunidade maioritária nesta cidade há perto de mil anos, a Igreja Católica reconhece profundamente manchada a sua memória por esses gestos e palavras tantas vezes praticadas em seu nome, indignas da pessoa humana e do Evangelho que ela anuncia. Oceanos de Paz, 26 de Setembro de 2000. José, Patriarca de Lisboa”.
A cerimónia contou com a presença dos representantes das comunidades judaica e católica, que, na presença de dezenas de lisboetas, proferiram discursos alusivos à inauguração do memorial e do seu significado para as respectivas religiões. Encerrou a cerimónia o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa, que começou assim o seu discurso: “Por decisão unânime da Câmara Municipal de Lisboa, instalamos um memorial às vítimas da intolerância, em tributo a todos que sofreram discriminação, o aviltamento pessoal pelas suas origens, convicções, escolhas ou ideias, e em associação com as iniciativas de reconciliação desenvolvidas pela Igreja Católica e pela Comunidade Judaica, que aqui também saúdo. Num tempo em que a tentação dos negacionismos existe e se manifesta, é bom assumirmos a História como memória viva, crítica, activa e vigilante. É por isso que este acto tem um alto significado simbólico e um grande valor pedagógico”.
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